Arquivo da tag: Equador

Uma expedição aos caminhos dos Incas

Entre julho e agosto um grupo de 40 jovens de países de América Latina e Europa realizou uma viagem por Colômbia e Equador na sexta edição da expedição chamada Ruta Inka (Rota Inca em portugues). Esse ano o percurso começou no sul colombiano, extensão máxima ao norte do Tahuantinsuyo, o antigo império inca, e terminou no Santuário de Ingapirca, o mais importante centro arqueológico do Equador.

A Ruta Inka se define como embaixada cultural dos povos indígenas e pretende formar jovens líderes que possam promover a cultura ancestral sul-americana em seus países. O projeto foi criado em 2000 pelo peruano Rubén La Torre, que decidiu renunciar a carreira diplomática para tocar adiante um projeto no qual os povos nativos pudessem contar sua própria história.

Expedicionários da Ruta Inka posam com bandeiras de seus países no Equador

Expedicionários da Ruta Inka posam com bandeiras de seus países no Equador

Segundo La Torre, os brasileiros sempre foram uma ausência constante nas viagens. A primeira representante de nosso país participou ano passado. Porém, Vanessa Siebert vive a quatro anos na Bolívia e conheceu a Rota através de uma amiga boliviana: “Não é um turismo normal, de chegar e ver os lugares turísticos e as cidades. É participar da comunidade indígena, sentar e participar das atividades escolares das crianças e, de uma forma ou de outra, ser exemplo pra elas. Ninguém depois de passar por uma experiência como essa volta igual pra casa”, afirma Vanessa.

Esse ano a Rota Inca teve outra expedicionária brasileira, a carioca Giuliana Brandão. Ela trabalhava no Consulado do Equador quando recebeu informações sobre o evento e decidiu participar. A jovem acredita que o melhor da expedição foi o intercambio cultural que ocorreu não só com as comunidades, mas também entre os próprios companheiros de viagem. “Eu aprendi a ser um pouco mais tolerante, mais paciente, aceitar e entender as diferenças. Também percebi que todo mundo aqui da América Latina tem um jeito de ser muito parecido”.

Ela afirma que passou a ver o mundo de forma mais ampla e se interessar muito mais por uma cultura que quase não conhecia: “O que me impressionou dos Incas foi a inteligência que eles tinham, nós precisamos de tecnologia e de muita coisa pra ver o mundo de uma forma que eles viam sem necessitar de nada por serem grandes observadores da natureza. Em relação aos povos nativos eu achei super interessante como eles vivem, se alimentam, se vestem, o dia-a-dia deles. São pessoas muitos reservadas mas de culturas super bonitas, super diferentes de tudo que agente está acostumado”.

Danças, músicas e roupas t[ipicas foram presenças constantes nas comunidades visitadas

O colombiano Santiago García diz que a passagem da Rota por seu país foi importante para começar a mudar a imagem que se tem da Colômbia no exterior, fortemente associada ao narcotráfico e terrorismo. Ele também destaca as questões culturais dos viajantes: “É interessante ver que a maioria dos expedicionários vem de países andinos. Recordar nossa história é reforçar nossa identidade, que é o que nos diferencia. Por mais que sejamos de países distintos há muitas coisas que os unem”.

A espanhola Inmaculada Sanchéz diz que voltará ao seu país defendendo uma outra Colômbia, cheia de cultura e gente simpática e não de um país de guerras e drogas, além de um Equador que apesar de pequeno está repleto de belezas naturais e riquezas culturais. Ela diz que conhecer a América do Sul foi um sonho e que em seu país a mídia cobre apenas os conflitos políticos da região e se preocupa mais em mostrar informações a respeito do Norte.

Como primeira brasileira a participar, Vanessa deixa uma mensagem aos jovens compatriotas interessados: “A Rota Inca é uma oportunidade maravilhosa de poder descobrir esse mundo cultural e histórico que está tão perto da gente. Aprender um pouco da história do nosso continente e ver que ela ainda continua viva nos corações de todos os latino-americanos.”

Em comemoração aos dez anos de fundação da Rota Inca, a expedição do ano que vem será maior já realizada, percorrendo dez países em duas etapas de 35 dias cada uma entre junho e agosto de 2010. A primeira será América do Sul, desde Bolívia até Colômbia, passando por Machu Picchu, e a segunda na América Central, em busca de conhecer também a cultura maia. Mais informaçoes no site www.rutainka.org.

Huayna Chasky

1 comentário

Arquivado em Uncategorized

Rota Inca 2009

rutainkaEstão abertas as inscrições para a Rota Inca 2009, que esse ano visitará sitios históricos das culturas da Colombia e do Equador. O percurso começa em 4 de julho na cidade de Pasto, no sul colombiano, e termina em 12 de agosto no Castelo de Ingapirca, principal complexo arqueológico do Equador.

Jovens de diferentes países participarão de palestras informativas e, em seguida, iniciar a visita a diversas comunidades e cidades que fizeram parte do antigo império inca. Recebidos pelos moradores locais, os visitantes conhecerão a cultura, hábitos e costumes das regiões. O objetivo é formar jovens líderes que sejam difusores da cultura ancestral inca. Ao final da Rota, eles serao nomeados embaixadores dessa cultura pelas próprias lideranças locais.

O custo de inscrição é de 300 dólares, que inclui alojamento, alimentaçao, transporte local, assitência médica e custos de materiais gráficos e uniforme básico . A passagem de ida e volta ao Brasil deve ser paga à parte. Podem participar no máximo 100 estudantes com idade entre 18 e 23 anos de idade de qualquer país do mundo. A seleção se dá por criterios como mérito academico, liderança e capacidade de assumir desafios.

Os candidatos devem enviar seu currículum vitae, um resumo de sua trajetória e uma carta de apresentaçao enviada por seu centro de estudos. O período máximo para inscriçao é 21 de junho. Mais informações no site http://www.rutainka.net ou pelo e-mail rutainka2009@gmail.com.

Estarei participando como jornalista fazendo a cobertura para os site da Carta Capital e novae. Acompanhem!

Vitor Taveira´colô

Deixe um comentário

Arquivado em Uncategorized

Nuestros Niños

Nossos niños nascem com uma predisposição genética à felicidade. Essa é a impressão que temos ao ver as crianças de bochechas queimadas pelo frio e pelo sol trabalhando na recepção de gringos em pontos turísticos da nossa América. Elas posam diante das suas lentes, sorriem sinceras ou não, te encantam com sua simpatia e te pedem “moneditas”.
Quando se é criado em um ambiente fabricado para encantar, nada mais natural que tornar-se um personagem e viver aquela trama aceitando cachês e os cobrando sempre que necessário (estendendo as mãozinhas e dizendo com voz mansa “monedita”).

Durante minhas andanças pela América Latina vi crianças trabalhando na captação de clientes pros bares e restaurantes nas areias quentes das praias peruanas e equatorianas, vendendo artesanato e doces, pedindo dinheiro nas ruas, carregando bagagens de turistas nas rodoviárias, fazendo exibições musicais típicas em praças e ônibus e sobretudo, sendo crianças. Realizavam todo o trabalho sorrindo, cantando, brincando com os amigos. Possuíam uma felicidade simples e inexplicável. Muitos desses meninos e meninas não freqüentam escolas, mas já sabem os nomes e preços dos produtos que vendem em inglês, sabem pedir e agradecer na língua dos que os sustentam – os gringos.

Dentre vários personagens infantis marcantes na minha viagem, destaco dois:
A menina da foto acima que me encantou de cara ao chegarmos em uma das ilhas flutuantes no Lago Titicaca. Ela simplesmente sorriu com os olhinhos fechados, as bochechas queimadas pelo frio e pelo sol e me abraçou fazendo uma pose pra foto (detalhe: eu não estava tirando foto no momento, mas ao ver aquela gracinha fazendo pose, o Martin sacou a câmera e fotografou), em seguida estendeu a mãozinha, sorriu novamente com os olhinhos fechados e disse com voz infantil e suave “monedita”.
Minha segunda figurinha brilhante, foi um garotinho que conhecemos (eu, o Martin e o Daniel – suecos que viajavam comigo) na Plaza de Armas em Cuzco. O moleque perguntou de onde éramos. Os meninos responderam que eram da Suécia, o chico falou: “ capital Stockholm, moeda Swedish Crowns “ e outros detalhes que nem me lembro mais sobre o país. Quando eu disse que era do Brasil o garoto desandou a falar “ capital Brasília, moeda Real…”, falou várias coisas sobre o nosso país e finalizou com o que mais me chamou a atenção: “presidente Lula”, nessa hora ele imitou a mão esquerda do Lula e falou “que só tem 9 dedos”. Rsrs… O garoto era muito bom!

Fico imaginando o que será feito de tanto potencial. O que temos visto até o presente momento é um grande desperdício. Aproveita-se apenas o potencial dos filhos de classes mais abastadas, enquanto o potencial do povo vira história pra gringo rir.

Gaby Louzada

6 Comentários

Arquivado em Uncategorized

A. L.íngua

Apaixonada por línguas, resolvi fazer meu primeiro texto sobre esse tema que considero uma delícia.

É bem difundida a idéia de que o Espanhol falado na América é muito diferente do que se fala na Espanha. O que não é tão conhecida assim é a diferença que a língua apresenta de um país a outro aqui no nosso continente.

Não é surpresa pra ninguém a existência dos sotaques, os temos em grande diversidade no nosso próprio território nacional. O que surpreende a muitos é, por exemplo, a descoberta de que o espanhol falado por um paraguaio pode ser facilmente confundido com o falado por um americano fluente na língua. Sabem aquele “r” enrolado do interior? Paraguaio fala assim!
As peculiaridades pertinentes a cada país vão muito além do sotaque e do vocabulário, e se explicam através de influências.

Na Argentina, por exemplo, a pronúncia de “ll” e “y” é exatamente igual à do “ch” do português. A explicação que ouvi dos portenhos é bem coerente: “Influência brasileira!”. Alguns exemplos que podem ser usados como prova:
– Llegar (chegar); llamada (chamada); llorar (chorar)…
Há também os exemplos que não justificam tal teoria, afinal são línguas distintas:
– Yo (chô); desayuno (desachuno); calle (cache)…
Obs.: esse sotaque é muito mais marcado na Capital Federal que nas províncias. È comum ouvir nas províncias fronteiriças com o Chile, o som do “j” do inglês, uma espécie de “dj” em português. Ex.: Yo (djô), llegar (djegar)…

No Chile, o que mais chama a atenção é a velocidade e a musicalidade do discurso. Os chilenos falam muito rápido e cantadito. O viajante que chega ao Chile corre o sério risco de não entender nada, pois além de atropelarem as palavras eles modificam os verbos na segunda pessoa (justamente a que usam pra se referir a você).

Já que entrei no assunto, vou aprofundar um pouquinho. Os pronomes que funcionam como segunda pessoa do singular em espanhol são normalmente (tu e usted), sendo que na Argentina e em algumas regiões do Paraguai e Uruguai usa-se (vos). O “tu” é conjugado normalmente em segunda pessoa e utilizado entre pessoas que possuem certo grau de intimidade; o “usted” é conjugado em terceira pessoa (como o nosso “você”) e demonstra um certo distanciamento e respeito ; e o “vos” é o informal utilizado nas regiões que já citei, possui uma conjugação diferenciada (nem de segunda, nem de terceira pessoa).

Voltando ao Chile! Apesar de utilizarem o pronome “tu”, não o conjugam da forma mais convencional (segunda pessoa), eles tendem a terminar as palavras em “i” ( um horror até acostumar). Ex.: se te oferecem chocolate:
– Mais comum: “quieres chocolate?” (tu)
– No Chile: “querí chocolate?” (tu)
– Na Argentina: “querés chocolate? (vos)

Além da questão dos verbos e as diferentes maneiras de pronunciar as palavras em espanhol, há também diferenças no vocabulário de cada país. Os exemplos mais simples que me vêm à cabeça agora são: camiseta e refrigerante.
– Argentina: remera e gaseosa.
– Chile: polera e bebida.
– Equador: camiseta e cola.

É encantadora a diversidade lingüística encontrada nos países hispanohablantes da América do Sul, e instigante buscar a explicação para tal variedade nas influências sofridas por cada povo na formação de suas identidades culturais.

6 Comentários

Arquivado em Uncategorized

Essa mídia latinoamericana…

A crise provocada pelo assassinato de Raul Reyes um dos líderes das Farc pelo exército colombiano em território do Equador pede que o blog volte a ser atualizado. Porém, o fato surge num momento complicado porque essa semana estou envolvido com questões das cerimônias de formatura de minha turma. Logo que tiver tempo faço um texto mais geral sobre isso. Em breve pretendo voltar a atualizar esse espaço a partir das leituras que tenho feito e que vou fazer para meu trabalho de conclusão de curso sobre a Telesur.

Sobre a crise deixo o comentário sucinto de Marcelo Salles para o blog do Fazendo Media:

“Então ficamos assim: o exército colombiano invade o Equador, executa 15 guerrilheiros das Farc enquanto dormiam e as corporações de mídia ensinam que o malvado da história é o presidente da Venezuela. Detalhe: o repórter da TV Globo tem informado sobre o conflito das Farc com o governo colombiano de… Buenos Aires. Depois não sabem porque cada vez menos pessoas acreditam no que publicam.”

Deixe um comentário

Arquivado em Uncategorized

Presidente do Ecuador usa You Tube para defender software livre na América Latina

O presidente do Ecuador Rafael Correa usou o site You Tube para divulgar um vídeo defendendo o uso de softwares livres pelos países da América Latina. De acordo com o site oficial do presidente, o vídeo foi exibido nas mais de 200 sedes do Festival Latino Americano de Instalação de Software Livre, realizado em 17 países além do Ecuador. Correa aponta a utilização dos programas de código aberto nas empresas públicas e privadas como importante para a soberania e para integração da América Latina. Ele afirma que seu governo já adotou isto como “política de governo e de Estado”.

2 Comentários

Arquivado em Comunicação e Mídia, Ecuador, Internet