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Nuestros Niños

Nossos niños nascem com uma predisposição genética à felicidade. Essa é a impressão que temos ao ver as crianças de bochechas queimadas pelo frio e pelo sol trabalhando na recepção de gringos em pontos turísticos da nossa América. Elas posam diante das suas lentes, sorriem sinceras ou não, te encantam com sua simpatia e te pedem “moneditas”.
Quando se é criado em um ambiente fabricado para encantar, nada mais natural que tornar-se um personagem e viver aquela trama aceitando cachês e os cobrando sempre que necessário (estendendo as mãozinhas e dizendo com voz mansa “monedita”).

Durante minhas andanças pela América Latina vi crianças trabalhando na captação de clientes pros bares e restaurantes nas areias quentes das praias peruanas e equatorianas, vendendo artesanato e doces, pedindo dinheiro nas ruas, carregando bagagens de turistas nas rodoviárias, fazendo exibições musicais típicas em praças e ônibus e sobretudo, sendo crianças. Realizavam todo o trabalho sorrindo, cantando, brincando com os amigos. Possuíam uma felicidade simples e inexplicável. Muitos desses meninos e meninas não freqüentam escolas, mas já sabem os nomes e preços dos produtos que vendem em inglês, sabem pedir e agradecer na língua dos que os sustentam – os gringos.

Dentre vários personagens infantis marcantes na minha viagem, destaco dois:
A menina da foto acima que me encantou de cara ao chegarmos em uma das ilhas flutuantes no Lago Titicaca. Ela simplesmente sorriu com os olhinhos fechados, as bochechas queimadas pelo frio e pelo sol e me abraçou fazendo uma pose pra foto (detalhe: eu não estava tirando foto no momento, mas ao ver aquela gracinha fazendo pose, o Martin sacou a câmera e fotografou), em seguida estendeu a mãozinha, sorriu novamente com os olhinhos fechados e disse com voz infantil e suave “monedita”.
Minha segunda figurinha brilhante, foi um garotinho que conhecemos (eu, o Martin e o Daniel – suecos que viajavam comigo) na Plaza de Armas em Cuzco. O moleque perguntou de onde éramos. Os meninos responderam que eram da Suécia, o chico falou: “ capital Stockholm, moeda Swedish Crowns “ e outros detalhes que nem me lembro mais sobre o país. Quando eu disse que era do Brasil o garoto desandou a falar “ capital Brasília, moeda Real…”, falou várias coisas sobre o nosso país e finalizou com o que mais me chamou a atenção: “presidente Lula”, nessa hora ele imitou a mão esquerda do Lula e falou “que só tem 9 dedos”. Rsrs… O garoto era muito bom!

Fico imaginando o que será feito de tanto potencial. O que temos visto até o presente momento é um grande desperdício. Aproveita-se apenas o potencial dos filhos de classes mais abastadas, enquanto o potencial do povo vira história pra gringo rir.

Gaby Louzada

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A. L.íngua

Apaixonada por línguas, resolvi fazer meu primeiro texto sobre esse tema que considero uma delícia.

É bem difundida a idéia de que o Espanhol falado na América é muito diferente do que se fala na Espanha. O que não é tão conhecida assim é a diferença que a língua apresenta de um país a outro aqui no nosso continente.

Não é surpresa pra ninguém a existência dos sotaques, os temos em grande diversidade no nosso próprio território nacional. O que surpreende a muitos é, por exemplo, a descoberta de que o espanhol falado por um paraguaio pode ser facilmente confundido com o falado por um americano fluente na língua. Sabem aquele “r” enrolado do interior? Paraguaio fala assim!
As peculiaridades pertinentes a cada país vão muito além do sotaque e do vocabulário, e se explicam através de influências.

Na Argentina, por exemplo, a pronúncia de “ll” e “y” é exatamente igual à do “ch” do português. A explicação que ouvi dos portenhos é bem coerente: “Influência brasileira!”. Alguns exemplos que podem ser usados como prova:
– Llegar (chegar); llamada (chamada); llorar (chorar)…
Há também os exemplos que não justificam tal teoria, afinal são línguas distintas:
– Yo (chô); desayuno (desachuno); calle (cache)…
Obs.: esse sotaque é muito mais marcado na Capital Federal que nas províncias. È comum ouvir nas províncias fronteiriças com o Chile, o som do “j” do inglês, uma espécie de “dj” em português. Ex.: Yo (djô), llegar (djegar)…

No Chile, o que mais chama a atenção é a velocidade e a musicalidade do discurso. Os chilenos falam muito rápido e cantadito. O viajante que chega ao Chile corre o sério risco de não entender nada, pois além de atropelarem as palavras eles modificam os verbos na segunda pessoa (justamente a que usam pra se referir a você).

Já que entrei no assunto, vou aprofundar um pouquinho. Os pronomes que funcionam como segunda pessoa do singular em espanhol são normalmente (tu e usted), sendo que na Argentina e em algumas regiões do Paraguai e Uruguai usa-se (vos). O “tu” é conjugado normalmente em segunda pessoa e utilizado entre pessoas que possuem certo grau de intimidade; o “usted” é conjugado em terceira pessoa (como o nosso “você”) e demonstra um certo distanciamento e respeito ; e o “vos” é o informal utilizado nas regiões que já citei, possui uma conjugação diferenciada (nem de segunda, nem de terceira pessoa).

Voltando ao Chile! Apesar de utilizarem o pronome “tu”, não o conjugam da forma mais convencional (segunda pessoa), eles tendem a terminar as palavras em “i” ( um horror até acostumar). Ex.: se te oferecem chocolate:
– Mais comum: “quieres chocolate?” (tu)
– No Chile: “querí chocolate?” (tu)
– Na Argentina: “querés chocolate? (vos)

Além da questão dos verbos e as diferentes maneiras de pronunciar as palavras em espanhol, há também diferenças no vocabulário de cada país. Os exemplos mais simples que me vêm à cabeça agora são: camiseta e refrigerante.
– Argentina: remera e gaseosa.
– Chile: polera e bebida.
– Equador: camiseta e cola.

É encantadora a diversidade lingüística encontrada nos países hispanohablantes da América do Sul, e instigante buscar a explicação para tal variedade nas influências sofridas por cada povo na formação de suas identidades culturais.

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OPA!!!

Hola loucos pela América Latina!
Meu nome é Gabriela e eu não bebo há 3 semanas!!! ( só pra descontrair) rsrs.
Sou estudante de jornalismo e viajante nas horas vagas.
Sou apaixonada por línguas! Fui professora de inglês e ultimamente tenho me dedicado ao aprendizado do espanhol.
Convidada pelo Vitor, resolvi entrar para a equipe “Soy loco por ti”.
Meus posts serão normalmente relacionados à língua espanhola, povos latino-americanos, costumes e lugares interessantes, mas posso surtar e escrever sobre qualquer outra coisa (isso se a censura não me barrar!).

Nos vemos (lemos) por aqui…

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