O ministro das Relações Exteriores do Chile, Alejandro Foxley, propos a candidatura da refém mais famosa do mundo ao prêmio Nobel da Paz. Não tiro de Ingrid Bétancourt seus méritos políticos, não questiono sua linha de ação nas campanhas eleitorais da Colômbia, entretanto quando fiquei sabendo dessa notícia, Ingrid Bétancourt como possível Nobel da Paz, uma dúvida ficou latejando em meus pensamentos.
Porque indicar somente a Ingrid para o recebimento do prêmio? Foi ela a única pessoa refém das Farc? Foi ela, que em um ato de força, liderou uma pequena revolução dentro dos acampamentos das FARC e com essa atitude conseguiu liberar todos os reféns que se encontravam na mesma situação que a dela?
Não entro no mérito, por enquanto, da discussão se as FARC agem legitimamente ou não, se o governo colambiano de Uribe é autoritário ou não, se a libertação dos 14 reféns em poder das FARC, dentre os quais Ingrid Bétancourt, foi mérito total do governo colombiano, se houve auxílio norte-amercino, se o alto comando das FARC foi subornado, meu questionamento diz respeito a pessoa que foi indicada ao prêmio Nobel da Paz.
Se Ingrid não liderou nenhum movimento revolucionário para libertar os reféns, se todo o plano de libertação foi intermediado ora pelo venezuelano Hugo Chávez e concluído pelo presidente colombiano, Alvaro Uribe e pelo exército da Colômbia, por que então não foram justamente estes os indicados ao prêmio Nobel da Paz?
Se eles mereceriam ganhar ou não é outra discussão, porém, no meu ponto de vista, indicar o nome de Ingrid Bétancourt é colocá-la em um patamar de importância muito superior a esse de seus “colegas” sequestrados. Por que então não indicar ao prêmio Nobel da Paz todos os reféns das FARC? Porque a Ingrid é franco-colombiana? Porque a mídia destacou seu nome dentre tantos outros? Porque ela ficou mais tempo em cativeiro?
Por certo, Ingrid não levou o prêmio, este foi entregue (no ínicio de novembro) ao ex-presidente finlandês Martti Ahtisaari. O mais interessante é o fato do comitê pró-Ingrid ao Nobel da Paz (“Agir Avec Ingrid”, agir com Ingrid), ter certeza absoluta de que ela iria ganhar, ao ponto de reservaram um grande espaço em um luxuoso hotel de Paris para que Ingrid tivesse aonde proferir seu discurso de vitória, já previamente redigido ( “Agradecemos a deputados, senadores e universidades francesas sem o apoio dos quais Ingrid não teria conseguido esse Nobel”).
A prórpia Ingrid Bétancourt chegou a declarar que “o Prêmio Nobel é algo que está muito longe. Não o mereço, não acho que o mereça”, mas talvez ela tenha mudado de idéia ao longo dos meses.
Gostaria mesmo de entender as razões que levaram à indicação de seu nome, enquanto aqueles que organizaram sua libertação, concordemos ou não com seus métodos, são excluídos do laureamento.
Monica Dinah
Soy loco por ti, América Latina! 